Porém, inovação não se refere apenas àquilo que é novo, ou mais especificamente a algo que surge ou é visto pela primeira vez. Pode ser também a simplificação ou amplificação de uma ideia já concebida ou que já vinha sendo executada.
O que é interessante na inovação é que por trás desse conceito está a atitude implícita de um “olhar curioso”. Isto é, a inovação não é algo inerente à criatividade, mas é fruto de uma observação desprovida de preconceitos e de reflexões oriundas a partir daí; é estar aberto para o novo.
Como de uns anos para cá as corporações têm se preocupado cada vez mais em conquistar clientes agregando valor àquilo que elas normalmente produzem, esse diferencial tem sido buscado por meio de inovações em suas cadeias produtivas. Clemente Nóbrega e Adriano Lima, autores de Innovatrix¹, acreditam inclusive que, hoje, gestão e inovação são termos que devem significar a mesma coisa para as empresas. Para isso, citam o exemplo do iPOD. Segundo eles, o iPOD não é um sucesso apenas por ser um produto “genial”, mas porque ele traz consigo um modelo de negócios (princípio do iTunes, por exemplo).
Outro ponto importante para o qual os autores chamam a atenção é que no mundo corporativo costuma-se vender e comprar ferramentas e instrumentos de gestão como se eles pudessem ser aplicados em qualquer circunstância. Seria o mesmo que imaginar que um remédio que funcionou bem em um paciente pudesse ser utilizado em outro, mas para doenças completamente diferentes. É aí que entrariam os princípios da inovação. Como ela está ligada a um engajamento do olhar, a uma atitude voltada para enxergar oportunidades em contradições e falhas, é possível desenvolver soluções específicas para problemas específicos de cada empresa, ou seja, sem a adoção de uma ferramenta “genérica” de gestão.
Uma característica importante das pessoas consideradas inovadoras é que elas também são ousadas, uma vez que não têm receio de propor soluções, tampouco de errar. Costuma-se falar muito dos modelos bem-sucedidos, como a Apple é hoje, mas não se costuma lembrar que ela quase faliu em meados da década de 1990. E foi com base nesse insucesso que houve uma inversão no modelo de gestão adotado por essa companhia e que hoje é uma grande referência na área de inovação tecnológica.
Duas outras características importantes de pessoas inovadoras é que elas reconhecem que existem limitações em si e naquilo que é alvo de sua indagação, mas enxergam isso como oportunidade e não como obstáculo ou empecilho. Elas nunca se acomodam a uma situação. Portanto, uma das chaves para desenvolver as qualidades de um inovador é autoconhecer-se; observar sob vários ângulos as questões e dilemas do dia a dia, a fim de propor novas soluções ou experienciar novas oportunidades. E, tão importante quanto ter ideias inovadoras, é saber implementá-las.
Por isso, é preciso inovar cada vez mais. E inovar significa renovar, repensar, imaginar, transformar, (re)inventar. A inovação está ligada a um espírito de aprendizagem que envolve basicamente: tentar descobrir os “porquês” das coisas, produzir ideias incessantemente, reconhecer limitações e desenvolver habilidades, e, claro, muito planejamento.