Quando paramos e pensamos que fica cada vez mais difícil estruturar um treinamento contínuo no dia a dia dos colaboradores, pensar em estratégias como o microlearning é uma boa. E existem dois principais motivos para isso: distribuir de forma segmentada o conteúdo e se adaptar à rotina corrida da maioria dos profissionais.
O microlearning é uma maneira de passar conhecimento para as pessoas com o conteúdo distribuído em pequenas pílulas de ensino. Para entender de uma forma mais aprofundada o que é e como funciona o microlearning, leia esse outro artigo.
Horas de treinamento realizado é um dos indicadores mais utilizados para a gestão da área de Treinamento & Desenvolvimento (T&D) e, ao mesmo tempo, um indicador muito questionado, pois mede quantidade e não qualidade. Para se ter uma ideia, a média de tempo anual de treinamento por colaborador foi de 19 horas por empresa em 2020. Esse dado foi levantado na 15ª edição da pesquisa Panorama do Treinamento no Brasil, realizada pela ABTD e pela Escola de Negócios Integração.
O indicador de volume de horas de treinamento por colaborador vem decrescendo ano a ano nos últimos dois anos. Em 2020, ele voltou a subir, o que foi um fato curioso em um ano tão atípico. Uma hipótese para esse comportamento talvez seja mais tempo disponível das equipes, este ano em Home Office, ou a facilidade e o menor custo para treinar utilizando meios como o online.
O microlearning é uma boa solução justamente para dosar a entrada de conhecimento, garantindo agilidade e eficiência na hora de se comunicar com o colaborador. A C&A, por exemplo, percebeu que a melhor forma de treinar os seus colaboradores na Academia da Moda, universidade corporativa do grupo, seria utilizando ferramentas de microlearning. Em entrevista à Você RH, Márcia Costa, vice-presidente de RH da C&A Brasil, conta que o conteúdo foi sintetizado e fragmentado em vídeos, podcasts, tutoriais, textos e jogos que poderão ser consumidos em, no máximo, 8 minutos. Aquela máxima de que podemos estudar no ônibus, metrô ou na pausa para um cafézinho se torna real.
Uma pesquisa publicada em 2018 no International Journal of Educational Research Review mostrou que o microlearning pode ser uma das modalidades mais eficientes de aprendizagem para os jovens adultos.
Estudando dois grupos de pessoas, aqueles que utilizaram o microlearning tiveram um aproveitamento 18% maior em comparação com aqueles que viram o conteúdo de maneira tradicional. Isso acontece porque o conhecimento adquirido de uma forma fragmentada tende a permanecer na memória por períodos mais longos.
Quem já falava sobre isso era o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que criou o conceito de educação espaçada e mostrou que o processo de aprendizagem é realmente melhor quando a mesma quantidade de estudo é dividida por diferentes períodos de tempo.
Essa modalidade de ensino é uma excelente alternativa para quem tem audiências distribuídas. Multinacionais com diversos centros de operação pelo país ou com equipes que ficam divididas entre escritórios na cidade e fazendas na zona rural podem utilizar o microlearning para oferecer o conteúdo por igual para todos os colaboradores.
Uma das vantagens é poder adaptar a plataforma para cada tipo de audiência. O Sebrae, por exemplo, lançou 15 cursos em fevereiro deste ano que podem ser consumidos através do WhatsApp. Como cerca de 95% dos brasileiros acessam o aplicativo diariamente, segundo pesquisa Panorama Mobiel Time/Opinion Box, realizada em julho de 2020, essa é uma solução eficiente encontrada para um público-alvo heterogêneo e de vários lugares.
Outra plataforma que também pode ser adaptada para os dispositivos móveis e personalizada de acordo com as necessidades de cada empresa é a Skore. Você pode descobrir o trabalho que foi feito junto à Via Varejo com a construção de um chatbot que ajuda os vendedores a se atualizarem diariamente com o microlearning.
Com o microlearning também é mais fácil atualizar o curso ou treinamento oferecido. Como as aulas estão distribuídas em pílulas, fica mais ágil e barato refazer uma única parte ao invés de todo o material.
Mas engana-se quem pensa que produzir os conteúdos para microlearning é mais fácil: para essa modalidade é preciso pensar numa construção narrativa contínua, fazendo com que cada aula complemente ou aprofunde o que foi falado anteriormente.