É fato que mudamos muito ao longo da vida: você certamente não é a mesma pessoa que era há 5 ou 10 anos. Isso se deve a inúmeros fatores. Experiências pessoais e profissionais, acontecimentos marcantes e inesperados, e as mudanças pelas quais o mundo e o país passam têm influência direta nas várias transformações individuais que vivemos. É lógico dizer que estamos sempre aprendendo, desde o momento do nascimento.
Isso não é diferente na perspectiva da vida profissional e acadêmica. É o que chamamos de aprendizado contínuo: mesmo que isso não ocorra de forma intencional, todas as experiências que vivemos nesses campos da vida nos fazem aprender. Entretanto, esse fator de casualidade pode ser reduzido à medida que compreendemos como utilizar o aprendizado contínuo como estratégia. Ao invés de deixar que a aprendizagem ocorra ao acaso, é possível - e cada vez mais necessário - buscá-la ativamente para manter o desenvolvimento de competências e habilidades e, consequentemente, a competitividade no mercado de trabalho.
O aprendizado contínuo pode ser chamado também de lifelong learning (“aprendizagem ao longo da vida”, em tradução livre). Trata-se de uma estratégia de desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico que reconhece cada um como um eterno aprendiz, alguém que busca aprimorar seus próprios conhecimentos de forma planejada, considerando as próprias necessidades e as mudanças que ocorrem a cada dia no mundo e no mercado de trabalho.
Preparamos este texto para te mostrar por que o lifelong learning é tão importante, e como é possível estabelecer uma rotina que permita conciliar o aprendizado contínuo com as demandas do dia a dia. Bora lá?
A psicóloga Carol S. Dweck, professora da Universidade de Stanford (EUA), em seu livro “Mindset: A nova psicologia do sucesso”, contou parte da história do executivo Lee Iacocca, CEO da montadora Chrysler entre os anos de 1978 e 1992.
No livro, ela descreve como o apego de Iacocca aos automóveis que foram sucesso no anos 1980 levaram a montadora a produzir sempre os mesmos modelos, com pouquíssimas modificações - algo que logo se mostrou muito prejudicial, uma vez que montadoras concorrentes (como as japonesas), que estavam continuamente repensando a aparência e o funcionamento dos automóveis, conquistassem muito rapidamente o mercado dos EUA.
Com isso, Dweck conclui: “Os presidentes de empresas se veem constantemente diante de uma escolha. Deveriam enfrentar suas deficiências ou criar um mundo em que não tenham nenhuma? Iacocca escolheu a segunda opção. Cercou-se de adoradores, exilou os críticos e perdeu o contato com o rumo da indústria automobilística. Tornou-se uma pessoa que já não aprendia”.
Esse caso ajuda a ilustrar a conceituação criada por Dweck a respeito do que ela chama de mentalidade fixa. Para a estudiosa, pessoas com mentalidade fixa são aquelas que acreditam que o conhecimento e as habilidades são, de certa forma, inatos, e têm pouco espaço de desenvolvimento - por exemplo, aqueles que acreditam em pensamentos como “não consigo fazer X”, “não tenho capacidade para aprender Y”. Em contraposição, há pessoas que têm o que ela chama de mentalidade de crescimento: pessoas que entendem que o processo de aprendizado é sempre contínuo, e que não há nada que não possa ser aprendido por alguém.
Felizmente, a ciência respalda integralmente a mentalidade de crescimento, tudo graças ao que chamamos de neuroplasticidade: a capacidade que o cérebro tem de se adaptar estruturalmente de acordo com as novas experiências que vão ocorrendo, por toda a vida (não apenas na infância!). É justamente esse entendimento, de que o cérebro tem capacidade de se adaptar e aprender praticamente qualquer coisa, que pode ajudar você a dar o primeiro passo e se tornar um lifelong learner.
Se o desenvolvimento tecnológico e o prolongamento da vida profissional tornam o aprendizado contínuo necessário, é importante entender de que maneira aplicar essa ideia à vida cotidiana e torná-la o mais adequada possível aos contextos e recursos de cada um. Abaixo, você vai encontrar algumas dicas que podem ajudar você a incorporar a cultura do lifelong learning e adaptá-la às suas necessidades.
Antes disso, vale ressaltar que o investimento para se tornar um lifelong learner não se restringe apenas às vidas profissional e acadêmica, mas sim à vida como um todo. Os benefícios de manter-se em constante aprendizado são inúmeros, como: renovar-se enquanto ser humano, manter-se interessante e atualizado, contribuir para o crescimento de outras pessoas (como familiares e amigos), ter acesso a conhecimentos que permitam o aumento da qualidade de vida, entre muitos outros.
Com isso em mente, vamos às dicas!
Para começar, faça uma lista de tudo que você gostaria de aprender, a nível pessoal ou profissional. Você pode começar por algo que traga mais prazer, ou que seja mais recompensador em termos profissionais - ou seja, aquilo que provavelmente manterá você motivado por mais tempo. Essa lista pode ser atualizada com mais coisas a serem aprendidas, à medida que você for avançando no processo de se tornar um lifelong learner.
Depois de fazer a lista de tudo que você quer aprender, é imprescindível definir metas - mas não qualquer meta, e sim metas que podem ser atingidas. É contraproducente definir metas muito ambiciosas, que exijam mais tempo do que você tem disponível durante a semana, ou que demandem esforço maior do que você consegue empregar. Assim, antes de tudo, avalie sua rotina e o tempo livre que você tem para dedicar ao aprendizado contínuo (lembrando de reservar o tempo necessário para descanso, lazer e outras atividades).
Em seguida, você pode aproveitar a metodologia SMART para criar suas metas. Essa metodologia se baseia em um acrônimo que prevê que as metas devem ser específicas (specific), mensuráveis (measurable), atingíveis (attainable), relevantes (relevant) e temporais (time-bound). Assim, as metas devem ser claras, diretas e específicas (por exemplo, aprender um idioma novo), e também devem poder ser medidas (passar do nível básico para o nível intermediário no idioma, por exemplo). É importante que as metas sejam alcançáveis, ou seja, que você estabeleça um caminho passível de ser seguido (por exemplo, dedicar-se ao estudo do novo idioma três vezes por semana). Além disso, as metas devem ser relevantes, ou seja, devem fazer sentido para o seu propósito individual - para verificar isso, pergunte-se: Por que estou aprendendo isso? O que quero alcançar com esse aprendizado? Por fim, as metas definidas devem ter um prazo para serem cumpridas (por exemplo, passar do nível básico para o nível intermediário no aprendizado do idioma novo, estudando três vezes por semana, em até 6 meses).
É muito importante lembrar que o esforço para se tornar um lifelong learner está intrinsecamente ligado à criação de um novo hábito, que é o de manter-se no processo contínuo de aprendizagem - da mesma forma que você provavelmente tem muitos outros hábitos cotidianos. Com isso, é necessário que você incorpore a aprendizagem à sua rotina. Uma vez definidas as metas, reserve espaço na agenda, de acordo com o seu planejamento inicial, e tente manter a rotina proposta, de preferência nos mesmos horários. A criação dessa rotina, pouco a pouco, fará desses momentos de estudo um novo hábito. Mas lembre-se: evite procrastinar, ok? Se a rotina estabelecida na meta definida anteriormente estiver muito pesada, você pode voltar e refazer a meta para torná-la mais adequada ao tempo e energia que você tem. O importante é não dar espaço para a preguiça, que pode levar à desistência.
É comum associar o ato de aprender apenas a cursos e livros. Porém, um passo importante para se tornar um lifelong learner é quebrar esse estereótipo, uma vez que o aprendizado está em praticamente todo lugar, e pode vir de fontes inesperadas. Por exemplo, podemos aprender muito por meio de trocas com outras pessoas que têm o conhecimento que queremos construir. Há também o aprendizado por meio de experiências novas e práticas, como ir a novos lugares, conhecer novas pessoas que agreguem ao conhecimento, vivenciar na prática um aprendizado novo etc. Outra possibilidade é fortalecer as redes de contato, pessoais ou profissionais, para garantir a troca constante de novos conhecimentos e percepções.
Hora de, mais uma vez, ativar a mentalidade de crescimento! Para manter-se como um lifelong learner, um caminho possível é ser sempre curioso e buscar testar e experimentar coisas novas. Que tal desafiar-se a aprender algo realmente novo, com o qual você teve pouco ou nenhum contato até então? Haverá muito mais a aprender se você renovar constantemente suas fontes de aprendizado, como conhecer novas pessoas, fazer cursos diferentes, visitar lugares inusitados, entre outros.
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