Como se comportará o gestor do futuro (que já chegou)
De tempos em tempos eu gosto de dar uma organizada nas inúmeras pastas que vão se acumulando no meu computador. Dou uma rápida conferida no que tem em cada uma e aquelas que acho que não vou precisar tão cedo vão para o meu disco externo (que apelidei de “limbo digital”) para liberar espaço.
Abre pasta, fecha pasta, move pasta. Mas numa delas um arquivo me chamou a atenção pelo título: The Promise of Artificial Inteligence (A Promessa da Inteligência Artificial). Trata-se de um estudo pré-pandemia da Accenture que notei continuar extremamente atual e relevante, principalmente nesse momento em que todos discutimos as potencialidades e riscos das IAs em nossas vidas devido ao buzz gerado pelo advento do ChatGPT.
Fui avançando na releitura desse texto com aquela sensação de vamos ver o que virou realidade e o que virou fumaça. Confesso que me surpreendi com a assertividade das previsões (algumas já se fazendo presentes em nosso dia a dia profissional) sobre ações típicas que caracterizariam um “gestor do futuro” bem-sucedido na era da IA. Vamos a algumas delas:
Trata máquinas inteligentes como parceiras
O “gestor do futuro” vai considerar as máquinas inteligentes como colegas. Embora o senso crítico seja especificamente uma habilidade humana, máquinas inteligentes conseguem acelerar o aprendizado humano que as embasam, apoiadas em simulações com base em dados, cenários e atividades de pesquisa e descoberta. (OK. Acertaram).
Tem foco no trabalho que exige senso crítico
Algumas decisões exigem insights que extrapolem o que os dados conseguem mostrar. Esse é o ponto ideal para usar a capacidade crítica humana — a aplicação da experiência e do conhecimento em decisões e práticas essenciais de negócios. (Confere. ChatGPT está se mostrando uma ferramenta promissora, mas que ainda depende do nosso senso crítico, repertório e curadoria para não deixar passar alguns “furos” que vira e mexe ele solta).
Faz só o trabalho “real” — passando as tarefas administrativas para a IA
À medida que o papel tradicional da gestão — coordenar e controlar o trabalho de outras pessoas — é ressignificado, gestores da era digital deverão voltar sua atenção para o trabalho “real”. Eles vão se tornar líderes práticos, compartilhando mais, sendo criativos e solucionadores de problemas, tal como diretores de arte em agências de design ou cirurgiões-chefes em hospitais.
Colabora digitalmente, ultrapassando fronteiras
O gestor do futuro vai precisar de um nível alto de inteligência social para colaborar de forma eficaz em equipes e redes — extraindo e reunindo diversas perspectivas, insights e experiências para apoiar o senso comum, solução de problemas e criação de ideias complexas. Ele também vai ser capaz de usar as tecnologias digitais para explorar o conhecimento e a opinião de parceiros, clientes, stakeholders externos e negócios de outros setores que são exemplos a ser seguidos. (Eita... totalmente. Nosso “letramento digital” depois de 2020 avançou uma barbaridade. Teams, Slack, Monday, Zoom... já estamos familiarizados).
Atua como um designer
Embora as habilidades criativas de um gestor sejam vitais, ainda mais importante será a sua capacidade de aproveitar a criatividade dos outros. Líderes-designers dominam o ofício de reunir diversas ideias em soluções integradas, viáveis e atraentes. Eles incorporam o áticas de suas equipes e organizações. Máquinas inteligentes vão possibilitar e acelerar processos de trabalho semelhantes, como simulação dos problemas, visualização de dados e soluções, além de prototipagem digital e física. (OK. Eles acertaram mesmo...)
Termino de escrever esse texto com aquele misto de surpresa e “UAU” causado somente quando acontece algo impactante no mundo e no mesmo momento vemos nas redes sociais um post dizendo que os Simpsons já haviam previsto isso em algum episódio de mil novecentos e guaraná com rolha...
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