Estive nos últimos dias em Helsinki participando do Daretolearn.fi, uma conferência internacional que se propõe a refletir, repensar e agir para transformar a educação. É apropriado que aconteça na capital finlandesa, país com reputação de ter um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Além disso, a cidade é um dos hubs europeus de inovação e empreendedorismo, onde acontecem a conferência Slush, o Junction (maior hackaton da Europa), e faz parte das cenas de gaming e mobile mundiais (é de lá por exemplo a Supercell, desenvolvedora do Clash of Clans). Uma volta pela cidade, passando pelo maria.io (ecossistema de startups), ou pela oodihelsinki.fi (biblioteca central Oodi), dão uma perspectiva disso.
Três coisas me chamaram atenção do que ouvi e das conversas que tive por lá:
Que ainda não é o bastante. Que é preciso aprender com as experiências de fora, como de Cingapura por exemplo, e melhorar o que já é feito na formação das novas gerações. Além disso, a preocupação com o desenvolvimento de novas habilidades para a economia digital e para os novos trabalhos com o uso de tecnologias emergentes é a mesma por aqui. Mesmo lá eles preveem ter mais vagas do que pessoas preparadas para estes novos trabalhos. Mesmo lá eles se preocupam com o reskilling de profissionais que serão substituídos pela automação e pelas AIs.
É incrível ver a atitude dos jovens que estão no ensino médio na Finlândia. Minha impressão é que esta nova geração, nascida após os anos 2000, num contexto multicultural, globalizado, com grande diversidade – trazidas pelas novas migrações, pela União Européia, pelo turismo, e pelas mídias digitais – possui uma postura mais questionadora, e querem flexibilidade e liberdade para viver este novo século. Além disso, acho ótimo este estilo cyberpunk que tenho visto, não só lá, mas também por aqui.
Primeiramente, não podemos comparar os dois contextos. Eles são um país de 5,5 milhões de habitantes. Só São Paulo são duas Finlândias. São problemas de escalas totalmente diferentes. Portanto, toda comparação simplista me parece ingênua.
No entanto, várias das práticas adotadas por lá, como por exemplo o PhBL – Phenomenon-based Learning – podem ser aplicadas também por aqui. Várias das “inovações” do modelo finlandês são questionamentos simples do modelo industrial educacional do século passado, e atualizações que parecem óbvias – porém lá eles as implementaram.
Mas, o mais importante, na minha opinião, é a forma como a educação é vista culturalmente. É parte importante na vida das pessoas. E é uma parte prazerosa, onde o atrevimento de aprender não é reprimido, mas sim incentivado.
A escola não é para ser uma parte chata da vida, mas, como ouvi de um excelente professor brasileiro (Luiz Carlos de Menezes), “é para ser como a hora da sobremesa”.