É fato que a tecnologia está cada vez mais presente no nosso dia a dia, o que evidencia uma mudança muito significativa na nossa forma de trabalho. Tem-se falado muito sobre transformação digital, algoritmo, inteligência artificial, metaverso, ChatGPT, mas nos deparamos com questões voltadas para pessoas e que não estão sendo observadas como deveriam.
Com o tema "Inovação é feita de gente", o EdTerça de hoje tem como objetivo mostrar como as pessoas são fundamentais para o processo de inovação nas empresas e como é relevante cultivar uma cultura de inovação, valorizar a diversidade de ideias e pontos de vista, estimular a criatividade e a colaboração entre os integrantes de uma equipe.
A convidada da vez foi Maria Augusto Orofino, palestrante, TEDx Talker, consultora nas áreas de Inovação e Liderança, que promoveu a discussão sobre o tema, destacando como as pessoas podem identificar a importância de suas atuações neste processo criativo que vai muito além de qualquer tecnologia. Confira o texto!
Já no início da edição, Maria mostra a que veio, destacando que nem toda iniciativa de inovação diz respeito à tecnologia; inovação, de fato, é feita por gente. A mudança é uma constante em nossa vida, mas compreender que o que ocorre no momento não é só tecnologia nos tornará mais empáticos com todos que estão à nossa volta, contribuindo para um mundo mais justo. "Isso implica na necessidade de haver pessoas capacitadas a tomar decisões, com senso crítico apurado e em condições de agir em ambientes turbulentos e incertos", relata.
"Quando pensamos em inovação, geralmente associamos mais a tecnologia do que a interação humana no processo. Entretanto, mindset e pessoas por trás de ideias são as principais matérias primas de inovação. Até hoje, não existem maquinas totalmente operacionais sem interação humana", comenta Maria.
Junto a isso, ela faz uma alusão a constante utilização de algoritmos que fazemos no nosso dia a dia. "Podemos não perceber, mas o uso de algoritmos que fazemos no dia a dia é tão bom porque eu ensino as ferramentas a aprenderem e também a trabalharem para mim", finaliza.
Entretanto, a tecnologia segue sim sendo um meio importante para viabilizar inovações. Neste caso, é importante abraçar a tecnologia e se permitir ser afetado por ela, sendo que essa conexão precisa ser repensada no país, até mesmo por um aspecto político. "É importante que o país cubra as diversas zonas cinzentas que temos com relação ao sinal de internet para que as pessoas estejam cada vez mais habituadas à inovação de uma forma geral", relata.
Maria começa esse tópico dizendo que falta conhecimento para pessoas, já que inovar não se trata de tecnologia e de robôs. "Podemos inovar com ambientes colaborativos, espaços para ideias emergirem sem críticas e visão de onboarding de diretoria, por exemplo. Como trazer essa ideia para o pessoal de T&D, com áreas que são primordiais e necessárias para cada área".
É importante entender os possíveis benefícios que a inovação pode trazer para o ambiente de trabalho. E, para isso acontecer, Maria comenta que existem duas questões a serem desmistificadas:
1) Devemos quebrar a lógica do algoritmo de IA preconceituoso. "Assim como qualquer um de nós, a máquina também precisa ser educada e treinada para funcionar";
2) Devemos entender claramente que não seremos substituídos por robôs. "Não podemos acreditar que nosso futuro será completamente automatizado. Devemos, cada vez mais, automatizar serviços mecânicos, mas não podemos perder a questão do toque, da presença física".
Com foco na competitividade no mercado, a inovação permite com que as empresas se destaquem da concorrência, desenvolvendo produtos únicos e que atendam às necessidades dos clientes de maneira mais eficiente. Além disso, são vários os benefícios que colaboram para:
• Melhoria da produtividade e eficiência: A inovação pode trazer processos de trabalho mais eficientes, automatização de tarefas repetitivas e uso de tecnologias avançadas. Isso contribui para o aumento da produtividade, a diminuição dos custos operacionais e a utilização máxima dos recursos disponíveis.;
• Adaptação às mudanças: Atualmente, estamos vivendo em uma época de avanços tecnológicos e mudanças constantes. É essencial para as empresas investir em inovação a fim de se adaptarem às mudanças, preverem tendências e evitarem a obsolescência. As organizações que não acompanham o ritmo da inovação correm o risco de ficarem para trás e perderem oportunidades valiosas.;
• Atração e retenção de talentos: Profissionais talentosos e ambiciosos procuram por ambientes de trabalho que incentivem a inovação e ofereçam oportunidades para o crescimento e desenvolvimento de suas habilidades. Investir em inovação cria um ambiente estimulante e atrativo para os colaboradores, aumentando a satisfação no trabalho e a retenção de talentos qualificados;
• Resolução de problemas complexos: A inovação estimula a criatividade e o pensamento fora da caixa. Ao encorajar os colaboradores a explorar novas ideias e soluções, as empresas podem encontrar maneiras mais eficazes de resolver problemas complexos e enfrentar desafios inesperados;
• Fomento à cultura organizacional positiva: Uma cultura de inovação promove a colaboração, a experimentação e a aprendizagem contínua. Isso cria um ambiente de trabalho positivo, no qual os funcionários se sentem encorajados a compartilhar ideias, assumir riscos calculados e aprender com os erros. Essa cultura é fundamental para a evolução e o crescimento de longo prazo de uma organização.
De todos os segmentos onde se pode aplicar a inovação, Maria comenta que o mais destacável atualmente é a educação. Ela acredita que isso se dá dessa forma porque temos uma geração totalmente desmotivada e que precisa de desafios. "Devemos ter uma capacidade de mentores que trazem entusiasmo e aprendizagem para essas pessoas. Eu, por exemplo, era professora de graduação mas acabei desistindo porque precisava estar imersa no mundo deles para poder me conectar com a linguagem que utilizavam. Mas precisamos focar nisso porque esses jovens serão o futuro da tecnologia".
No contexto da inovação, existem alguns pontos fundamentais pouco mencionados que são garantidos para trazer a solução dos nossos problemas, como a criatividade e a empatia, por exemplo. Na opinião de Maria, isso acontece porque a aprendizagem não deve se basear na ideia da repetição ou da decoração, pois isso colabora para um ambiente sem segurança psicológica.
Ainda nesse assunto, Maria faz uma provocação com base no que ela cotidianamente ouve falar sobre "empresas humanizadas". "Por que banalizamos esse tipo de expressão? Por que precisamos chamar as nossas lideranças de hoje em dia de humanas? Elas não eram antes?". A especialista ainda reforça que, se o ambiente é tóxico, é importante fazermos uma dedetização para torná-lo mais suscetível à inovação.
O principal foco da inovação por parte das pessoas é conferir se elas querem fazer parte das questões envolvendo inovação, antes de tudo. "É importante também perguntar para as pessoas como elas querem se capacitar. 'Quero isso' e 'preciso disso' são questões fundamentais de serem respondidas antes de empurrar um treinamento goela abaixo".
Não é uma área de T&D que vai dizer o que a pessoa quer. eu posso querer aprender pela leitura, pelo circulo do livro. eu não quero perder tempo em fazer aulinha e não queremos mais aprender assim.
Gostou do texto? Confira a nossa edição anterior do EdTerça, sobre como engajar times!