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Upskilling e Reskilling: o desenvolvimento na era da inovação

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O mundo está mudando em uma velocidade nunca vista. A cada dia que passa surgem novas tecnologias e tendências que “colocam em xeque” a capacidade das empresas e pessoas de se adaptarem a essas transformações. Neste contexto, não é de se estranhar que os termos Upskilling e Reskilling estejam tomando conta dos debates sobre o desenvolvimento profissional. 

Habilidades que antes estavam relacionados a uma formação acadêmica e eram absorvidas pelas organizações por meio dos novos colaboradores, estão mudando tão rapidamente que exigiriam uma frequência inviável e absurda de contratações. 

Uma pesquisa mundial, realizada pela PwC, aponta que 4 a cada 5 CEOs dizem estar extremamente preocupados com a escassez de habilidades essenciais e enxergam esse fator como uma ameaça ao crescimento dos negócios

Já o relatório Skill Shift: Automation And The Future Of The Workforce, da McKinsey Global Institute, mostra que até 2030 mais de 375 milhões de trabalhadores precisarão mudar completamente suas competências para se adaptar ao novo mercado de trabalho. 

Estes dados refletem, não só a urgência pelo desenvolvimento de habilidades nas organizações, como também a necessidade de se adotar práticas de Upskilling e Reskilling nos programas de T&D. Mas afinal de conta, o que esses termos significam?

No artigo de hoje iremos nos aprofundar neste tema e entender porque esses conceitos vieram para ficar no que diz respeito ao futuro do treinamento e desenvolvimento na era da inovação.  

Upskilling e Reskilling: o que são e quais as diferenças?

Os conceitos de Upskilling e Reskilling foram cunhados peloWorld Economic Forum em seus estudos e relatórios sobre futuro do trabalho. Ambas as palavras, derivadas da palavra skilling, estão relacionadas ao desenvolvimento de novas habilidades, mas existem diferenças significativas entre elas. 

Reskilling (ou requalificação) significa, essencialmente, aprender uma nova habilidade para executar um trabalho diferente. A requalificação é utilizada para treinar funcionários para ocuparem uma nova posição dentro da empresa. Ela é comumente utilizada quando a tecnologia torna ou tornará uma função redundante, mas as empresas optam por reter o colaborador. 

Já o Upskilling (ou qualificação) se trata de desenvolver um conjunto de habilidades, que permitem ao funcionário crescer dentro de uma posição e gerar mais valor para a organização. Se trata de um esforço de atualização dos colaboradores diante da demanda de novos conhecimentos. 

Para Luis Novo, Diretor de Produtos no UOL EdTech, quando falamos em Reskilling e Upskilling estamos nos referindo a algo que vai além de um novo termo ou uma tendência de T&D que com o tempo vai ser esquecida. 

Quando falamos em Reskilling e Upskilling estamos falando de um assunto muito sério, estamos falando da transformação para a vida, estamos falando de milhões e milhões de cargos que precisam ser reestruturados, senão a economia não vai conseguir absorver estas pessoas. O tema é importante para criar o senso de urgência que a palavra treinamento não criaria. – Luis Novo, CEO da Skore.

A Qualificação e a Requalificação de pessoas não só é um fator crítico para uma estratégia de negócios competitiva, como também é urgente na construção do futuro do trabalho e das nossas relações com a tecnologia e a inovação. Mas, na prática, o que muda no desenvolvimento dos colaboradores? 

O que muda no Treinamento e Desenvolvimento?

Já passou do tempo onde colocar dezenas de pessoas em um auditório ou criar um único programa de treinamento para centenas de colaboradores tinha algum resultado. O futuro exige uma mudança de paradigma na forma de pensar a Educação Corporativa. 

É preciso ter em mente que a natureza do trabalho, o conhecimento e as competências necessárias aos novos papéis, acompanham a evolução da tecnologia. Isso cria um gap cada vez mais profundo entre as habilidades necessárias e as disponíveis nas empresas.

O aprendizado precisa sair das “falsas personalizações” e se tornar tão individualizada quanto cada papel ou pessoa dentro de uma empresa. O treinamento precisa deixar de ser um item no “checklist de atividades” do dia e se integrar aos contextos e ao fluxo de trabalho dos colaboradores.

Os times de T&D devem liderar esse movimento e assumir, de forma estratégica, o papel de identificar as lacunas de habilidades – no curto e longo prazo – desenvolvendo-as dentro das organizações.  

Sua organização é movida pelas habilidades que você possui. A evolução dos indivíduos em uma empresa, no final das contas, se traduz na evolução de uma empresa. – Matthew Sigelman, CEO da Burning Glass Technologies.

Essa é uma abordagem que vai muito além de comprar um “pacote de treinamentos” e disponibilizar para os colaboradores em uma experiência agradável. 

Estamos falando em usar a tecnologia para tornar a individualização da aprendizagem escalável. Estamos falando de olhar para o treinamento com uma visão de negócio e uma abordagem focada em dados e análises que permitam distribuir, de forma preditiva, o conhecimento certo, para a pessoa certa, quando ela realmente precisa. 

Esta é uma nova abordagem que se reflete em grandes desafios e ansiedades para o mercado de T&D. 

Os desafios do Upskilling e Reskilling.

Apesar do crescimento no debate sobre Upskilling e Reskilling e da urgência que o tema demanda, na prática, poucas empresas têm programas T&D realmente eficazes para lidar com a escassez de competências. 

Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company mostra que apenas 16% dos CEOs se sentem realmente preparados para trabalhar as lacunas de habilidades das suas organizações. Mais que o dobro dessas lideranças se consideram despreparadas para isso.

Ainda de acordo com a pesquisa, as principais barreiras para a construção de programas de aprendizado focados em Qualificação e Requalificação estão em uma necessidade urgente de atualizar as infraestruturas de RH e identificar quais as competências necessários para o futuro de suas organizações. 

Apesar de apontarem esse desafio como prioridade, as lideranças admitem não ter a menor ideia de como a automação e a inovação afetará as necessidades futuras de habilidades.

De fato, este é um cenário complexo. Não existe um “oráculo” que possa dizer como cada empresa vai ser impactada ou um consenso sobre as maneiras mais eficientes e eficazes para fazer Upskilling e Reskilling. Afinal de contas, estamos vivendo as inovações e nos adaptando a elas em tempo real. 

O que sabemos, até agora, é que este processo passa por uma profunda individualização do aprendizado, que a distribuição do conhecimento precisa – mais do que nunca – ser orientada por contextos e dados que refletem a realidade e que a tecnologia tem um papel fundamental de aliada do Treinamento e Desenvolvimento.